domingo, 30 de janeiro de 2011

Mulheres x Carro


Eu adoro dirigir. Sério. Talvez pela sensação de liberdade, poder ir pra onde quiser, estar no comando. Ao mesmo tempo, ter um carro significa compromisso, já que ele precisa de manutenção constante e isso gera (muitas) despesas. Ainda assim, acho que vale a pena. 
 
Sophia Loren e o Mercedes-Benz 300 SL Gullwing

Meu carro (um Clio hatch prata) é de 2002 e hoje tem 45.000 km rodados. Estou com ele há três anos. Apesar do pouco uso, alguns itens têm que ser trocados por causa do tempo. Pai, irmão e amigos sempre dão dicas, mas só me dei conta disso quando ele parou e me deixou na mão quando eu mais precisava.

Claro que não é nada agradável passar por situações do tipo, mas infelizmente a maioria das mulheres dá pouca importância a essa rotina de cuidados básicos e odeiam a ideia de ter que ir à oficina mecânica. Conversando com amigas, vi que muitas se sentem lesadas e enganadas pelos mecânicos, “por serem mulheres e não saberem nada de carro”.

Quando preciso consertá-lo ou trocar o óleo, quase sempre vou sozinha, já que meu pai não mora comigo e meu irmão nunca está em casa. Sempre pergunto e gosto de ver de perto o que está sendo feito. Nunca senti qualquer ironia, má vontade ou falta de respeito da parte do mecânico/autoeletricista/funileiro em explicar, acho que eles até gostam quando demonstramos interesse pelo assunto.

Tenho seguro, mas prefiro chamar só em casos de extrema necessidade. Depois de alguns (vários) perrengues, que prefiro chamar de experiências, aprendi coisas que me ajudaram a evitar o pior e gastos mais altos. Compartilho algumas delas com vocês:

O carro não liga. Quando não acende nenhuma lâmpada, provavelmente é a bateria ou pane elétrica.

Na primeira vez que isso aconteceu comigo, as lâmpadas não acendiam e o motor não girava. Troquei a bateria e o não resolveu. Descobri que o problema estava em outra peça, o alternador, que carrega a bateria. Ou seja: não adianta ter uma bateria novinha se essa peça não funcionar.

Quando o motor gira e não pega, pode ser várias outras coisas, mas bateria com certeza não é. Isso aconteceu comigo em quatro situações diferentes.

a- Fui ao mercado, guardei as compras e na hora de ir embora, nada. Achando que era a bateria, fiz a ligação com outro carro mas não adiantou. Por sorte, estava bem em frente a uma oficina, e o mecânico descobriu que era mau contato nos fios próximos às velas. Levei no autoelétrico e ele trocou uma peça, parecida com uma tomada (que estava um pouco frouxa). Custou R$ 50.

b- Situação muito parecida com a que contei acima (só que na farmácia). Abri o motor e fui direto mexer nos fios que se conectam nessa tomada. Não funcionou. Vi que o reservatório de água estava seco. Tinha uma garrafa vazia no carro e fui num Subway pedir para encherem a garrafa. Coloquei no carro e ele pegou. Algumas pessoas me disseram que isso é muito estranho, já que o carro pode continuar rodando sem água até o motor superaquecer e fundir. Agora fico sempre olhando o nível da água, fiquei até um pouco  paranóica com isso.

c- Depois de passar por uma rua alagada, onde a água estava na altura dos pneus, cheguei em casa e guardei o carro. Só fui dirigir novamente três dias depois e, quando liguei, o motor girou mas não pegou. Depois do desespero de pensar em ter perdido o carro (a dramática), descobri que ele estava apenas úmido por causa da chuva. Dois dias depois tentei de novo e ele estava normal.

d- No trabalho, quis sair na hora do almoço e quando dei a partida... não ligou. Na volta (fui de carona), tentei de novo e ele pegou. Fui à oficina e o mecânico usou um aparelho parecido com uma máquina de passar cartão que detecta problemas em carros com injeção eletrônica - Kaptor - e não acusou nada. Ele apagou a memória do carro, que, segundo ele, era o que estava causando as falhas, e disse para voltar caso voltasse a acontecer. Nem todas as oficinas têm esse recurso porque o aparelho custa em torno de R$ 7.000. Aproveitei e troquei lâmpadas queimadas das lanternas dianteira e traseira. Ele não me cobrou nada.

Lombadas e buracos. Eu tenho um pouco de preguiça de desacelerar para passar numa lombada ou desviar de um buraco, admito.  

Graças aos buracos, tive que trocar os braços articulados (ou braços de suspensão) dianteiros. Custou uns R$ 500.

Indo para o casamento de uma amiga em um sítio, não vi e passei numa lombada imensa. Senti que o carro ficou estranho e fraco, com barulho de fusca, mas não parou. Descobri que era a vela. Meu pai levou a um autoelétrico, que fez um conserto e não cobrou nada. Na mesma semana fui a outro casamento, em Jundiaí, e ele estava normal. Depois da cerimônia, o problema voltou. No dia seguinte, chamei o seguro e, na volta, passei no mesmo autoelétrico que consertou a tomada. Como ele não podia parcelar o pagamento, escreveu num papel o modelo da peça e fui buscá-la no MercadoCar, que fica na mesma rua e aceita cartão. Ele trocou o conjunto de velas em 15 minutos. Peça + mão de obra: R$ 250.

Batida. Aconteceu comigo uma vez e foi horrível, depois de dois anos dirigindo direto. O seguro cobriu o conserto do carro em que bati e paguei a franquia. Fiquei 15 dias a pé, mas no fim deu tudo certo. Duas semanas depois apareceu o problema de mau contato na tomada e acredito que tenha sido devido ao tranco na hora da batida. Tomo mais cuidado e nunca mais aconteceu.

Na enchente. Como disse antes, quando passei pela enchente algo no motor ficou úmido e o carro não funcionou depois, mas não foi nada grave.

Só depois do ocorrido descobri que numa situação como essa, ou até em poças, o motor pode aspirar água ao invés de ar e criar um calço hidráulico, ou sofrer um choque térmico (motor quente + água fria). Traduzindo: você perde seu carro. O conserto é MUITO caro. O melhor é parar e esperar a água baixar mesmo.

Alguns dias depois dessa enchente, passei por uma outra e resolvi esperar. Liguei o rádio para ouvir as notícias e também o limpador, desembaçador, ar e lâmpada.... Claro que a pobre bateria não suportou e o carro morreu. O carro foi ligado no tranco e funcionou, mas não é o correto.

Agora, algumas recomendações básicas para evitar contratempos:

Água & Óleo. O óleo deve ser trocado a cada 10.000 km. Procure usar sempre o que tiver a viscosidade adequada para o seu veículo e aproveite para trocar os filtros de óleo, combustível e ar. Evite postos de gasolina, prefira lugares especializados.

Verificar o nível tanto da água como do óleo ajuda a detectar vazamentos e evitar superaquecimento, o que pode levar à perda do motor. Isso deve ser feito com o carro desligado e frio, de preferência antes de sair de casa.

O frentista pode até verificar o nível da água, mas se ele abrir a tampa com a água quente, ela tende a transbordar por causa do calor e da pressão. Numa das vezes em que pedi para completar, ele esqueceu de colocar a tampa de volta. Ela ficou jogada no motor, mas eu poderia tê-la perdido.

Lavagem. Pode parecer óbvio, mas às vezes fico um bom tempo sem conseguir lavar meu carro. O único dia que tenho é o sábado, e na correria acabo esquecendo ou deixando sempre pra depois... Mas descobri um aqui na zona norte que abre aos domingos ;-)

O cocô dos passarinhos, se deixado por muito tempo, causa manchas que saem só fazendo polimento. A cera cria uma camada protetora e pode ser uma boa para prevenir estragos do tipo.

Evite lava-rápidos que usam escovas, elas podem riscar a pintura. A chance é maior ainda se o carro estiver sujo de terra ou areia.

Se for lavar em casa, faça num local com sombra e mantenha o carro sempre molhado enquanto estiver limpando. O sabão seco pode provocar manchas, principalmente sob o sol. Use panos e esponjas macias.

Quanto ao motor, a lavagem deve ser feita uma vez ao ano. Evite o uso de produtos à base de petróleo, que podem ressecar e danificar mangueiras e componentes.

Pneus. Calibrar é tão importante quanto abastecer, mas na pressa é uma das coisas que acabo deixando de lado.

Murcho, o pneu tem um desgaste maior e dura 30% menos do que deveria, além de fazer o carro gastar até 10% a mais de combustível. O melhor é calibrar um pouco depois de sair, com o motor ainda frio, para descobrir a quantidade de pressão mais adequada para o seu pneu.

O alinhamento e balanceamento também contribuem na diminuição do desgaste. Se sentir uma imprecisão do volante ou pneu cantando, leve o carro a um centro automotivo.

Nunca ande sem estepe, macaco e chave de roda.

Abastecimento. Eu tenho o péssimo costume de andar na reserva e tenho me policiado para não deixar o nível baixar tanto. Minha reserva é grande e isso acabou me deixando acomodada. Pensando bem, economizar gasolina pode ser um grande prejuízo.

Andar com pouca gasolina pode acumular resíduos, entupir e superaquecer a entrada da bomba, além de causar problemas na injeção eletrônica. Se seu carro for mais antigo e tiver carburador, ele é mais vulnerável, pois a capacidade de absorção de resíduos é menor e o respiro se deteriora com o tempo, favorecendo a entrada de poeira, areia e outras impurezas no tanque.

Evite postos desconhecidos. O combustível adulterado tem ação corrosiva e produz uma borra capaz de entupir os bicos injetores.

Detalhe: se seu carro parar por falta de combustível, você pode ser multada.

Para economizar de verdade, o melhor é deixar o tanque pelo menos na metade de sua capacidade e evitar carregar peso desnecessário, acelerar demais ou dar freadas/arrancadas bruscas. Estar com os pneus calibrados e motor regulado também é fundamental.

Painel. As luzes e ponteiros são o canal de comunicação entre você e seu carro. A qualquer sinal de aquecimento, freio, bateria ou óleo, não hesite em ir à oficina ver o que está acontecendo. Claro que alguns painéis podem falhar, mas somente o mecânico pode dar um diagnóstico mais preciso. Veja um tutorial bem legal sobre isso clicando aqui.

Ok, você tomou todas as providências mas teve que deixar o carro no conserto.

Na oficina. Tire todas as suas dúvidas e questione sempre que não concordar com algo ou não entender o processo. Assim como você, o mecânico não nasceu sabendo.

Se demorar demais a ser atendida e o lugar não estiver tão cheio, procure o responsável.

Não aceite orçamentos absurdos logo de cara. Pesquise, peça indicação.

Pergunte sobre as formas de pagamento e desconto se pagar à vista, principalmente se não emitirem nota fiscal do serviço.

Além de pedir desconto, dependendo do que foi feito eu peço brindes também. E nessas sempre vem um aditivo, limpa-vidros ou qualquer outra coisinha.

Não se constranja em ser a única mulher do lugar, porque isso provavelmente vai acontecer.


Fontes:



















2 comentários:

  1. gostei muito do seu blog. procure ter uma oficina fixa para consertar seu veículo, só assim voce terá um relatorio detalhado de tudo o que aconteceu no seu carro. sempre peça um orçamento e ao finalizar o serviço, peça uma ordem de serviço descriminando tudo o que foi trocado. procure uma oficina pequena, os mecanicos darão uma maior atenção à voce e sua maquina. não esquecendo que a oficina deve ser limpa, organizada, com aparelhos eletronicos, computador e de preferencia um site na net ou mesmo um blog para tirar duvidas. o que vale numa relação reparador x proprietário é a confiança.

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  2. Oi Diogo!

    Eu levava sempre na mesma oficina, que era pequena, mas ela fechou.
    Agora conheci uma outra, aqui perto, e gostei do serviço. Também acho que confiança é fundamental, é ótimo encontrar um lugar que atenda nossas expectativas e resolva o problema sem enfiar a faca.

    beijos e tks pelo coment com suas dicas.

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